O Espelho da Alma: Quando a mulher se reconhece, a cura começa

Por Lívia Alvarenga

Olhe no espelho.

De verdade.

Respire fundo… e diga:

“Você é bem-vinda.”

“Você é amada exatamente como você é.”

“Você não precisa ser perfeita para ser digna de amor.”

“Você pode fazer o necessário — e isso é mais que suficiente.”

“Você é consagrada. Você é abençoada. Você é linda. Intuitiva. Única.”

Agora olhe nos seus próprios olhos.

Você acredita em tudo isso?

Se hesitou… está tudo bem.

Mas talvez seja essa a origem da dor que você vive sem nomear.

Porque quando não nos reconhecemos, passamos a nos cobrar — e a cobrar o mundo à nossa volta.

É por isso que, muitas vezes, o grito que sai dentro de casa é o eco de uma voz sufocada por dentro.

Quando a mulher não se sente ouvida,

quando não se sente valorizada,

quando ela mesma se desqualifica…

ela não consegue se posicionar com amor.

Sua comunicação se torna um campo de batalha,

em vez de um lugar de construção.

Clarice Lispector escreveu:

“Sou uma pergunta. E também a resposta.”

Mas é difícil acessar respostas quando a mulher não aprendeu a se perguntar com amor.

A verdade é que muitas de nós fomos ensinadas a desconfiar de nós mesmas.

A duvidar da nossa intuição.

A sentir culpa por descansar.

A nos compararmos constantemente.

A achar que só merecemos algo quando damos tudo de nós — mesmo que nos custe a saúde.

Essa lógica nos desumaniza.

E é aí que entra o processo psicoterapêutico como caminho de volta ao próprio ser.

Porque se amar também é um aprendizado.

É uma reconexão com virtudes esquecidas:

A delicadeza.

A firmeza.

A escuta interna.

A sensibilidade.

A autenticidade.

Bert Hellinger dizia que “o amor precisa de ordem para florescer.”

E dentro de nós, o amor próprio também precisa de uma nova ordem:

A ordem de nos colocarmos no lugar certo dentro da nossa própria vida.

Não mais no fim da fila.

Não mais como figurante da nossa própria história.

Quando uma mulher começa a se enxergar,

ela deixa de gritar para ser ouvida.

E começa a falar com presença, com verdade, com alma.

Isso transforma a forma como ela educa, se relaciona, lidera, vive.

Essa cura reverbera.

Na visão sistêmica e transgeracional, o que você cura em si, liberta os que vieram antes e os que virão depois.

É por isso que transformar o feminino não é só uma questão pessoal — é uma urgência coletiva.

É um chamado para uma nova sociedade, mais consciente, mais empática, mais saudável.

Quando uma mulher se olha com amor no espelho,

ela muda o mundo a partir do reflexo.

Referências:

Clarice Lispector. A Descoberta do Mundo. Rocco.

Hellinger, B. Ordens do Amor. Cultrix.

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