Quando a mulher permite: o reencontro com o masculino saudável

Por Lívia Alvarenga

Talvez uma das tarefas mais desafiadoras — e sagradas — da mulher da nova era seja essa: permitir que o homem ocupe seu lugar.

Permitir que ele seja homem.

Permitir que ele assuma o seu papel.

Permitir que ele cumpra sua função — não a partir da nossa exigência, mas da nossa entrega.

E entrega não é submissão.

Entrega é confiança.

Confiança na ordem natural da vida.

Na sabedoria do masculino que, quando curado, é protetor, provedor, firme, amoroso.

Que lidera com o coração, não com controle. Que apoia sem apagar. Que sustenta sem dominar.

Mas como confiar quando a memória da alma carrega histórias de traições, abandonos, de pais ausentes e maridos omissos?

Como confiar quando a sombra do masculino adoecido grita dentro da história da sua mãe, da sua avó, da sua linhagem?

Esse é o ponto de virada: quando você percebe que a sua cura não depende do outro. Mas de você.

A mulher que decide curar seu feminino também abre espaço para a cura do masculino — dentro e fora dela.

E isso começa dentro de casa, na criação dos filhos homens.

Filhos que precisam de mães que acreditam nos homens.

Filhos que precisam ver o pai como força, e não como ameaça.

Filhos que precisam de mães que não castram, não sabotam, não superprotegem — mas confiam, entregam, libertam.

Filhos que precisam ser entregues aos homens.

Mesmo que isso doa.

Mesmo que você tenha que fazer isso com um homem que ainda está em processo de amadurecimento.

Porque como bem mostra “O Amor que nos faz bem” — dançar a dois é um exercício de presença, de ritmo e de entrega.

A dança só funciona quando ninguém quer conduzir sozinho.

Você pode escolher reclamar que ele não faz do seu jeito.

Ou pode escolher respirar, acolher a sua dor, e permitir que ele faça do jeito dele.

Dr. Joe Dispenza fala, em “Torne-se Sobrenatural”, sobre a possibilidade real de criarmos novas realidades quando mudamos o nosso campo eletromagnético — nossos pensamentos, sentimentos, crenças.

Quando você muda sua vibração interna, você muda o tipo de homem que você atrai, que você nutre, que você inspira ao seu redor.

Você se torna sobrenatural. E ele também.

A masculinidade saudável não nasce pronta. Ela é semeada.

E quem melhor do que uma mulher consciente para ajudar nesse florescer?

O papel da psicoterapia é fundamental nesse processo.

Porque nesse espaço seguro, você pode chorar o pai que não veio, o marido que não ficou, o filho que não consegue se conectar.

Mas também pode aprender a reconhecer o que é seu, o que é do outro, e o que vem de muito antes — das dores invisíveis da sua linhagem.

A partir daí, você se reconstrói.

E essa reconstrução é o seu maior presente para o masculino.

Como diz a sabedoria sistêmica:

“Quando cada um ocupa o seu lugar, o amor pode fluir.”

E o amor flui quando a mulher não quer ser tudo, não precisa ser tudo, não carrega tudo.

Quando ela confia.

Quando ela entrega.

Quando ela permite.

Referências:

Bert Hellinger. Ordens do Amor. Cultrix.

Joe Dispenza. Torne-se Sobrenatural. Gaia.

Brigitte Champetier de Ribes. O Amor Que Nos Faz Bem: Bailando Juntos. Atman

Robert Bly. O Homem de Ferro. Cultrix.

Clarissa Pinkola Estés. Mulheres que Correm com os Lobos. Rocco.

Brene Brown. A Coragem de Ser Imperfeito. Sextante. Jung, C. G. O Homem e Seus Símbolos. Nova Fronteira

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